Os Centros de Recolha Oficial de Animais (CROA) de Setúbal e Palmela, antigos canis, encontram-se sobrelotados e já há lista de espera para animais com necessidades de acolhimento.
A legislação que proíbe os abates de animais entrou em vigor há 6 meses e apesar das campanhas de adoção de animais e de esterilização de gatos nas ruas, os CROA existentes não conseguem dar resposta às necessidades.
Em Setúbal, o canil municipal tem capacidade para 30 cães e 10 gatos, mas encontra-se permanentemente sobrelotado, existindo uma lista de espera.
Em declarações ao Diário da Região, fonte oficial do Gabinete da Vereadora do Ambiente, Carla Guerreiro, explica que a lista adensa-se devido às “solicitações permanentes do Ministério Público e das autoridades policiais no sentido de serem alojados animais”. “As necessidades de acolhimento de animais são muito superiores à capacidade existente”, admite.
Em Palmela, o município aponta também para um défice na recolha e alojamento de animais errantes. Como solução, a autarquia tenta acomodar os animais nas Associações de bem-estar animal do concelho, às quais presta apoio financeiro.
“Quando não é possível a acomodação por esta via, no caso de cães, procura-se recolher o ‘macho alfa’ para evitar formação de matilhas, mantendo o grupo monitorizado e aguarda-se a disponibilidade de instalações para recolher os restantes animais”, explica a autarquia que, a par de Setúbal, reconhece a existência de uma lista de espera, “entrando animais à medida que saem outros para adoção ou quando resgatados pelos seus proprietários”.
A incapacidade de recolha faz com o número de animais errantes nas ruas aumente e em Setúbal já se teme que possa existir no futuro um problema de saúde pública e de segurança. “Existe um aumento do número de animais errantes na área do Município, com tendência para um agravamento, podendo este facto colocar em causa a saúde pública e/ou a segurança de pessoas e outros animais”, avalia fonte do gabinete de Carla Guerreiro.
Em Palmela, o município considera exorbitante o número de de animais errantes, porêm, não existe um problema de saúde pública. “Há um aumento de animais errantes, derivado também de um aumento da aquisição impulsiva de cães, gatos e outras espécies e o seu posterior abandono, o que resulta num número exorbitante de animais errantes”, avança a autarquia. “O aumento, sendo preocupante, não constitui perigo para a saúde pública, uma vez que a autarquia tem como política a prevenção”.
A esterilização e a intensificação das campanhas de adoção e sensibilização são os únicos meios que as autarquias têm ao dispor para reduzir o número de animais errantes.
Em Setúbal, no ano passado, houve 116 adoções de canídeos e 122 adoções de gatos. O município implementou o programa Captura, Esterilização e Devolução (CED), para gatídeos de rua, tendo sido esterilizados 345 gatídeos em 2018. Foram ainda esterilizados 75 canídeos e foi criada uma sala de cirurgia no CROA onde são levadas a cabo as esterilizações.
A capacidade de acolhimento do canil de Setúbal esteve em vias de aumento dos 30 para os 80 canídeos, mas o projeto submetido a uma candidatura promovida pela DGAV para a atribuição de 15 mil euros para as obras acabou por não ser bem sucedido.
Apesar de ter recolhido parecer favorável, o valor acabou por não ser atribuído ao município, “dado que o valor global atribuído no âmbito da candidatura foi insuficiente para garantir o financiamento de todas as candidaturas que obtiveram parecer favorável”, refere a mesma fonte do municipio de Setúbal.
Em Palmela, o CROA já se encontrava construído à data dos apoios financeiros, mas está prevista a sua ampliação e, nesse quadro, a autarquia pondera recorrer a apoios.