Um dia de treino de cobro

O dia começa cedo, no campo, olhando para o céu, esperando que o tempo ajude e que não acabemos todos encharcados. O objetivo é passar uma manhã de diversão e convívio.

O encontro está marcado para as 10h15, no local normal de treino. Os cães e os seus donos vão chegando, uns antes da hora, outros uns minutos depois. Vocês sabem quem são, não sabem?

E o que é um treino de cobro?

Há raças que têm especial aptidão para esta função e não é por viver num meio urbano que não podem continuar a fazê-lo.

Por exemplo, nas suas origens o Cocker Spaniel Inglês cobrava galinholas (woodcock) daí o seu nome.

Os Retrievers têm o “cobro” no seu nome, pois “to retrieve” significa cobrar em inglês. Estes cobram peças de caça em terra, mas também dentro de água.

Estas manhãs de treino permitem que os cães façam uma das coisas que mais gostam e nada tem a ver com caça. Neste caso, os cães cobram um dummy.

Começa o treino

Consoante vão chegando, vão-se soltando os cães durante algum tempo para que possam descomprimir um pouco antes do treino.

Quando chega a hora marcada para o início do treino, os donos preparam-se e colocam os seus cães à trela junto a si.

Neste dia estavam 9 cães no campo, das raças: Golden Retriever, Labrador Retriever, Flat Coated Retriever, English Springer Spaniel e Clumber Spaniel.

O início do treino é sempre composto por alguns exercícios de obediência, para todos entrarem em modo de trabalho.

Nada de muito especial, simplesmente andar à trela, umas ordens para sentar e ficar sendo que é importante que os cães se habituem a estar ao pé de outros cães sem perderem o controlo.

Para finalizar esta parte, os cães e os seus donos são colocados a uma distância de cerca de 3 metros entre si e cada um dos participantes passa entre os outros fazendo zig zag.

Aprender a cobrar o dummy

Depois dessa parte, iniciámos os exercícios mais práticos.

O primeiro exercício costuma ser uns cobros simples, ou seja, o dono fica com o seu cão sentado à trela e um dummy (objeto usado para ser cobrado) é atirado a uma distância a que o cão já esteja habituado a cobrar.

O cão é enviado e deverá retornar ao seu dono com o objeto na boca.

No entanto, e como a ideia é ensinar quem nunca fez, pode acontecer que o cão não retorne ou que decida que é mais engraçado colocar o dono a correr atrás dele.

Nesses casos, o exercício é efetuado de maneira que o cão perceba o que lhe é pedido.

Usamos uma guia comprida que fica agarrada ao dummy e quando o cão apanha o dummy tentamos conduzi-lo de volta ao dono, onde é recompensado por isso.

Mas há mais exercícios que podemos fazer

O segundo exercício é aquele que mais costuma variar, pois vai depender de vários fatores:
– Nível de treino dos cães presentes;
– Os seus pontos fortes e fracos;
– Estado do tempo e vento.

Alguns dos exercícios que costumamos fazer são o cobro de dois objetos seguidos, procura do objeto escondido no meio da vegetação, steadiness (controlo da ansiedade), entre outros.

Este exercício, por norma, tem algumas repetições.

Chega a hora do adeus… por hoje.

Quando damos conta já é hora de irmos almoçar e embora os nossos cães façam a sua birra para não irem para casa, sabemos que vai ser uma tarde em que os vamos ver dormir felizes e descansados.

A ideia por detrás destas sessões é simplesmente esta, passar uma manhã de diversão e convívio. Deixar os nossos melhores amigos gastarem as suas energias e mais importante, usarem a sua cabeça.

Não nos podemos esquecer que, embora sejam ótimos cães para ter em casa devido ao seu comportamento, eles foram criados para trabalhar e, como tal, necessitam de ter alguns desafios mentais para que se sintam mais realizados e felizes.

Ficou com vontade de experimentar? Os treinos são ao sábado/domingo, normalmente na margem sul, às 10h15.

Basta aparecer! O seu cão vai adorar de certeza!
Deixo o meu contacto.

Por: Ricardo Neves
Fotos: Ana Neves e Haruto