Se procura um cão para companhia e não lhe interessa se tem raça ou não, tem várias opções: pode contactar um Centro de Recolha Oficial de Animais (CROA), comummente chamado de Canil Municipal, pode recorrer a uma Associação de Proteção Animal ou aceder às várias páginas e grupos de adoção nas redes sociais.
Que cães encontramos nestes locais?
Encontramos cães das mais variadas situações:
– Abandonados, perdidos ou entregues para adoção;
– Saudáveis ou com doenças crónicas;
– Dos dois sexos e de várias idades;
– Bem sociabilizados ou que não sabem lidar com outros animais e/ou pessoas;
– Sem ou com problemas de comportamento (medos, fobias, ansiedade, etc.);
– Entregues porque ocorreu uma mudança que não deixou outra alternativa aos donos;
– E, por fim, há quem recorra a desculpas e mentiras para justificar a entrega (o nascimento de um filho, a ocorrência de alergias, o cão ladrar muito e/ou fazer estragos em casa, ter muita energia, são das alegações mais frequentes).
Os prós e contras da adoção
Ao adotar um cão, estamos a dar-lhe uma segunda oportunidade, proporcionando-lhe um lar e uma família.
No entanto, a adoção é um ato de grande responsabilidade, porque não sabemos como foi a sua vida anterior e pode haver problemas comportamentais que só se manifestem mais tarde.
Muitas Associações explicam aos candidatos a adotantes a regra dos 3 de um cão adotado – 3 dias para descomprimir, 3 semanas para conhecer as rotinas e 3 meses para se sentir em casa e é então que o cão revela o seu verdadeiro caráter.
No caso dos cachorros, há que ter em consideração que nem sempre conseguimos ter uma ideia aproximada do tamanho que terá em adulto, e por vezes os adotantes são surpreendidos e o cão fica muito maior do que esperavam. Pode não ser um problema ou ser motivo de “devolução”.
Um cão adotado não custa nada
Esta afirmação é errada. O adotante tem de pensar que durante o tempo em que o cão esteve acolhido num CROA ou numa Associação houve custos.
Um cão, quer tenha sido entregue ou recolhido da rua, e seja cachorro ou adulto, tem vários custos associados, entre eles: check up veterinário, despistes de doenças que possa ter, eventuais tratamentos veterinários, vacinação, desparasitação, esterilização, colocação de microchip e alimentação.
Para um adotante receber um cão gratuitamente, alguém se responsabilizou por suportar os seus custos.
Como subsistem as Associações?
Em Portugal, algumas Associações têm protocolos com o seu Município, mas a maioria subsiste de donativos de particulares e empresas. Outra grande e valiosa ajuda são as quotas dos Associados e o apadrinhamento de animais.
Em paralelo, durante o ano participam em eventos e em campanhas de angariação de alimentos, como o Banco Solidário Animal, promovido pela Animalife.
Os donativos em géneros, a título pessoal ou através de iniciativas solidárias, também são muito importantes – comida seca, comida em lata, detergentes, sacos do lixo, medicamentos, camas, mantas, entre outros.
E isto leva-nos ao ponto seguinte.
Pagamento de uma taxa de adoção
Em alguns países quando um cão é entregue a uma nova família há o pagamento de um taxa de adoção e é assinado um contrato.
O pagamento de uma taxa de adoção irá permitir que as Associações pudessem melhorar as condições de alojamento e de acompanhamento dos cães, ter pessoal assalariado, além dos voluntários, pagar mais facilmente os serviços médico veterinários e a alimentação. Estes dois últimos são, normalmente, a maior fatia de gastos das Associações.
A taxa de adoção entra na Associação como donativo e a emissão do recibo permite que o donativo seja declarado no IRS do adotante, se a entidade estiver legalizada, contribuindo significativamente no esforço de resgate e realojamento de mais cães.
Um compromisso para o resto da vida
É usual, no momento da adoção e entrega do cão à nova família, ser preenchido um formulário com os dados pessoais do adotante. Idealmente, o cão já vai para a nova casa com o microchip colocado e registado em nome do dono.
Por vezes, em caso de dúvida por parte da Associação, é solicitada uma visita prévia à casa do candidato a adotante, que irá ajudar na tomada de decisão de entrega ou não de um cão. Embora esta visita prévia não garanta que tudo irá correr bem, é um passo que poderá prevenir devoluções.
A implementação de uma taxa de adoção e de um contrato de adoção nas Associações portuguesas contribuem para uma adoção mais consciente e a diminuição das situações de adoção por impulso, que rapidamente podem levar ao arrependimento, conduzindo à devolução ou abandono do cão.
“Adote não compre”
Os defensores do “adote não compre” culpabilizam e apontam o dedo a quem cria cães de raça, colocando na mesma fasquia as puppy mills, as criações levianas feitas por donos e os criadores que fazem um trabalho de seleção e melhoramento da raça. Isto, por si só, dava um ou mais artigos.
No entanto, infelizmente, no caso das adoções também há quem não tenha o bem-estar do cão como principal propósito e os animais sejam uma “fonte de rendimento”, para angariação de donativos e pagar um estilo de vida.
É difícil fazer esta filtragem, como em tudo na vida há bons e maus. Há quem tenha os animais como propósito e noutros sobrepõem-se os interesses pessoais. Esteja atento!
Adotar bem sim! Comprar a um criador responsável sim! Comprar um cão proveniente de uma puppy mill ou de um criadeiro contribui para o aumento de cães nos CROA e Associações pelas compras por impulso, problemas de saúde, questões comportamentais e afins. Já um criador responsável irá assegurar que o cão volta para ele se houver algum problema, não contribuindo para o aumento do número de cães nos refúgios.