Médicos veterinários apostam na inovação para reforçar qualidade dos cuidados prestados

O XVI Congresso Internacional Veterinário Montenegro terminou com um balanço muito positivo e a certeza de que “a inovação está no centro das preocupações dos médicos veterinários portugueses”.

“Reforçou-se a convicção de que a aposta em tratamentos de última geração é fulcral não só para prestar um melhor serviço aos clientes, mas também para melhorar os resultados obtidos em cada tratamento ou cirurgia”, sustenta Luís Montenegro, presidente da comissão organizadora do Congresso.

Ao longo de dois dias, mais de 1.300 médicos veterinários, 300 estudantes de Medicina Veterinária e 500 enfermeiros, auxiliares e estudantes de Enfermagem Veterinária passaram pelo Congresso, para conhecer com maior detalhe o que de melhor está a ser feito, em Portugal e no mundo, na área da Inovação e Desenvolvimento na Medicina Veterinária.

Luís Montenegro explica que “a sociedade está hoje mais sensibilizada para os problemas que afectam os animais e já estão dispostas a gastar mais dinheiro no seu tratamento”. “É uma mudança substancial face a um passado mais recente, mas a prova que é fundamental apostar na inovação aplicada à Medicina Veterinária”, acrescenta.

Segundo este responsável do congresso, “a Medicina Veterinária evoluiu muito nos últimos anos e embora os cuidados de saúde de ponta sejam mais caros, a médio e longo prazo há ganhos e benefícios para os próprios animais sujeitos a intervenções cirúrgicas ou a tratamentos, até porque diminui a morbilidade e a recuperação é mais eficaz”. E, também por isso, aumenta a aposta em técnicas minimamente invasivas como a laparoscopia, a artroscopia e a toracoscopia ou a anestesia locorregional.

Luís Montenegro relembra que hoje em dia “temos médicos veterinários que já desenvolveram próteses biomecânicas para gatos e apostam cada vez mais na tecnologia 3D para ajudar a tratar os animais que lhes chegam às clínicas”.

Ao longo dos dois dias, os congressistas abordaram ainda a importância de uma aposta crescente numa Saúde Pública integrada, envolvendo as áreas da Saúde Animal, Saúde Humana e Ambiente.

“É a própria Organização Mundial de Saúde que o defende há uma década e o Estado Português deveria estar na vanguarda desta aposta”, explica Luís Montenegro. Que assegura que “só pensando a saúde de forma integrada seremos capazes de evitar problemas de saúde pública como o que se vive agora com o COVID-19”.

“Era importante que o Portugal apostasse na ‘One Health’ por exemplo ao nível das doenças infecciosas e parasitárias”, refere o médico veterinário, garantindo que “se reduzirmos os riscos de transmissão entre animal e Homem, iremos reduzir os custos com a Saúde nas duas espécies”.

“Seremos ainda capazes de reduzir o recurso a antibióticos, limitando o seu uso ao essencial, frisa. O presidente do cCngresso afiança que seria “um importante contributo para evitar um crescimento das resistências a antibióticos, potenciando a eficácia que as moléculas têm no tratamento e cura de homens e animais”, afiança.

“Imagine-se que uma vaca, por um problema de saúde, é tratada com recurso a antibióticos. Nós, humanos, ao bebermos do seu leite, vamos ingerir resíduos desse antibiótico e se isto suceder de forma sistemática vai contribuir para que se desenvolvam resistências a determinadas moléculas de antibióticos”.