O Alentejo, região desde sempre conhecida pela sua forte ligação à agricultura e à pastorícia extensiva, é o solar desta raça conhecida como Rafeiro do Alentejo.
Quando pensamos no Alentejo, vem-nos imediatamente à cabeça as extensas planícies, praticamente desarborizadas que se retratam frequentemente nos quadros sobre a região, e pensamos, para que será necessário um cão destas dimensões!?
Nada mais errado! Se voltarmos atrás no tempo até aos inícios do século XIX, 2/3 do que nós atualmente conhecemos como montado disperso, era nada mais, nada menos, do que uma floresta
densamente povoada por matos, estevas, azinheiras e sobreiros.
Foi nestas condições com o aumento do interesse pelos produtos do montado, nomeadamente, a cortiça e a bolota para a alimentação dos animais, que o Rafeiro do Alentejo se foi fixando, sendo desde sempre um inseparável companheiro dos animais à sua guarda.
Mas, esta não era a sua única função, devido às grandes distâncias entre povoações, e também à dimensão das propriedades, sempre foi dominante na região os povoados muito isolados e dispersos que tinham de ser protegidos, tanto dos malfeitores como dos predadores que abundavam pela região, nomeadamente, o lobo ibérico que na altura ainda existia no Alentejo, e nada melhor para isso do que um cão grande, forte e destemido.
No início do século XX, em Portugal, começou a desenvolver-se o interesse pela Canicultura, nessa época começaram a fazer-se os primeiros estudos sobre as populações caninas existentes nas diversas regiões do país.
Os distintos cinófilos, Filipe Romeiras e António Cabral, fizeram um trabalho de medição e catalogação dos exemplares considerados típicos da raça, o que culminou com a aprovação do estalão do Rafeiro do Alentejo em Assembleia Geral do Clube Português de Canicultura, em 1953, e o reconhecimento da raça pela Federação Cinológica Internacional (FCI) em 1967.
Estes anos foram de bonança, com o seguimento de vários criadores a registarem cachorros e a fixarem linhagens.
O final da década de 70 do século passado, com a revolução e toda a alteração no tecido social e produtivo da região do Alentejo, foi bastante dramático para o Rafeiro do Alentejo, com a população da raça a sofrer um decréscimo muito significativo.
Felizmente, alguns entusiastas e amantes da Raça resolveram percorrer todo o Alentejo para tentar recuperar exemplares, dos poucos restantes, e a partir destes iniciar o trabalho de recuperação do Rafeiro do Alentejo.
Hoje em dia, o Rafeiro do Alentejo é já bastante conhecido por todo o país, sendo as suas qualidades de cão de guarda e de família, bastante apreciados de norte a sul.
A nível Internacional, a Raça tem vindo cada vez mais a cativar entusiastas, estando a sua população no estrangeiro a crescer consistentemente e com alguns projetos de criação a ganhar forma.
Uma Raça Portuguesa que temos de PRESERVAR!
Texto e fotos: Helena Costa e João Costa do Afixo “Paio Pires”
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