As origens do Yorkshire Terrier

A história do Yorkshire Terrier começa na Inglaterra pré-industrial. Na época, apenas os nobres podiam possuir cães aptos para caçar, por isso o “povo” só podia manter cães cujo tamanho não permitisse a sua utilização na caça.

Estimulou-se assim a criação de cães pequenos e robustos, mas como os seus donos não os podiam alimentar convenientemente, estes cuidavam de si próprios apanhando ratos e ratazanas.

A raça foi selecionada de um modo empírico pelos mineiros do Condado de York (Yorkshire). Este pequeno cão, destemido e eficaz, com vocação para apanhar roedores, era ideal para os ajudar a desinfestar os túneis das minas. Era então um cão de trabalho, maior do que o Yorkshire atual.

Na origem desta raça intervieram muitas variedades de pelo comprido historicamente reconhecidas na base do antigo Broken Haired Scotch Terrier. Admite-se ainda que na formação da raça tenham intervido outras como o Skye Terrier (pelo comprido), o Manchester Terrier, o Clydesdale Terrier, o Paisley Terrier e mais tarde o Toy Terrier.

Anos mais tarde, recorreu-se ao Terrier de Leeds, que possuía um manto de pelo comprido muito apreciado e era conhecido como “Silver Terrier” (Terrier de prata). O Yorkshire deve-lhe a base azul prateada do seu manto.

Em 1820, uma revista britânica publicou um artigo sobre o Clydesdale (atualmente já desaparecido), onde dizia que estes cães foram exibidos inicialmente como Skye Terrier, sendo na realidade uma variedade de manto mais sedoso e comprido.

Exemplar da raça Paisley Terrier, entretanto extinta.

A partir de 1880, estabeleceu-se uma divisão: de um lado a variedade de manto comprido, duro, reto, sem nós e que a opinião pública denominou de Skye Terrier e que teve uma grande procura devido à sua aptidão para o trabalho e ao caráter; e do outro lado a variedade de manto sedoso e suave, a que foi dado o nome de Clydesdale ou Paisley.

O Paisley Terrier era um cão de pelo sedoso, azul nos seus tons variados, que acabou por desaparecer como raça independente. Estes cruzamentos deram o pelo comprido e sedoso ao Yorkshire.

Um nome que ficou associado à criação da raça é Peter Eden, que a partir de 1861 se interessou pela raça Broken Haired Scottch & Yorkshire Terrier, e começou a apresentar nas Exposições Caninas um cão de pelo comprido e cor azul e vermelho vivo, que se chamava “Albert”.

O “Albert” foi o primeiro Yorkshire Terrier inscrito no stud book do Kennel Club (Reino Unido) e vencedor de várias Exposições Caninas entre 1863 e 1865, deixando um grande número de descendentes. É bisavó de “Huddesfield Ben”, que é o cão mais famoso da raça.

“Huddesfield Ben” (1865-1871)

O cão “Huddesfield Ben” ficou conhecido como o verdadeiro pai da raça Yorkshire Terrier. Era campeão nas competições de “The Rat-catching Circuit”, que tinham como objectivo encontrar o cão que matava mais ratazanas em menos tempo. A competição consistia em soltar estes roedores num fosso e o cão recolhia-os um a um, partindo-lhes a coluna com uma forte sacudidela.

“Huddesfield Ben” nasceu em 1865. Foi criado por W. Eastwood e durante a participação num destes combates, no Westminster Pit, foi observado por Jones Foster, que criava Broken Haired Scottch & Yorkshire Terrier.

Foster comprou-o, cuidou do seu manto, muito estragado devido às lutas, e depois de recuperado apresentou-o na Exposição de Manchester, em 1868, como um exemplar Broken Haired Scottch & Yorkshire Terrier.

Imagem de John Henry Walsh em “The Dogs of the British Islands” (1870).

Os êxitos de “Huddesfield Ben” fizeram dele o semental preferido de Foster. Morreu a 23 de setembro de 1871, com apenas 6 anos, atropelado por um carro. O seu corpo foi conservado por taxidermia e encontra-se numa redoma.

O Yorkshire moderno deve muito à criação de Janes Foster, aos seus critérios e trabalho de seleção, que continuou a ganhar em Exposições Caninas durante vários anos exibindo cães filhos e netos deste Campeão.

A partir de 1870 estes pequenos cães, de manto sedoso, começaram a ficar na moda entre as classes britânicas mais altas. Em 1886, o Kennel Club reconheceu a raça, incluindo-a no grupo dos cães Toy, uma vez que os seus criadores já tinham conseguido um tamanho realmente pequeno para a raça.

Em 1898 foi criado o Yorkshire Terrier Club, com o objetivo de promover os interesses da raça. Uma das suas primeiras atividades foi a redação de um estalão que teve, entre outras coisas, que definir a forma da orelha, até então frequentemente amputada. O estalão determinou que o mais acertado seria uma orelha muito pequena e direita, que visualmente pareceria estar cortada, no entanto, manteve-se a possibilidade de uma orelha semi-ereta.

Como curiosidade, durante a II Guerra Mundial os registos da raça e a documentação do Yorkshire Terrier Clube foram guardados na caixa forte do Barclays Bank. Em 1946, duas conhecidas criadoras, Ethel Munday e Palmer, reiniciaram o trabalho do Clube. A primeira Exposição Monográfica teve lugar em 1949.

O único Yorkshire Terrier a vencer a Crufts foi “Ozmilion Mystification”, em 1997.

Foi assim que o Yorkshire Terrier ou Yorkie, usando uma terminologia mais familiar, passou de cão de “caça aos ratos” a “cão de colo”, frequentador dos locais mais chiques da sociedade, dos ringues das Exposições Caninas e se popularizou como cão de companhia.

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