Com origem na China milenar, onde foram encontradas referências da sua existência que remontam à dinastia Han (200 c.C.), o Shar Pei é, de facto, uma raça muito antiga e única em muitos aspetos, incluindo a sua história.
Acredita-se que o local de origem desta raça canina seja a povoação de Tai Li, na província de Kwung Tung, tendo existido por séculos nas províncias do sul da China, local onde, em resultado de escavações arqueológicas, foram encontrados artefactos que retratam canídeos com uma silhueta idêntica à do Shar Pei.
Outro elemento histórico importante foi conhecido através da tradução de um manuscrito chinês do Sec. XIII, no qual se faz referência a um cão enrugado, com características que se assemelham ao Shar Pei.
Na China rural, de onde é oriundo, o Shar Pei era usado como cão de trabalho pelos camponeses, que souberam tirar o melhor partido das suas aptidões naturais como cão de guarda, sendo igualmente utilizado na caça aos javalis e outras presas de semelhante porte.
Embora não sendo um cão agressivo por natureza, a sua morfologia (que lhe permite, mesmo sob ataque, virar-se sobre si próprio e contra-atacar o seu opoente), aliada a uma invulgar capacidade de cicatrização, fizeram despertar o interesse dos adeptos das lutas de cães nesta raça, tendo sido também usado para esse fim num determinado período da sua história.
Entretanto, com a revolução de Mao Tsé Tung, cuja ideologia desincentivava a detenção e propriedade de cães e outros animais domésticos, o número de Shar Pei caiu drasticamente, ao ponto de, em 1978, a revista TIME e o Livro de Recordes do Guiness, incluírem o Shar Pei entre as raças mais raras do mundo, temendo-se, inclusivamente, pela sua extinção.
Pouco tempo antes, em 1973, em resposta a um apelo feito por um empresário de Hong Kong, Matgo Law, numa revista da especialidade, alguns criadores americanos começaram a importar Shar Pei para os Estados Unidos da América, dando início, dessa forma, ao período moderno da história da raça.
A sua morfologia exótica e ímpar, fizeram rapidamente do Shar Pei uma raça popular nos EUA, tendo a importação de exemplares também ocorrido para Inglaterra, Alemanha e outros países europeus.
Em Portugal, fruto da nossa ligação histórica com o território de Macau, os primeiros Shar Pei chegaram ao país na década de 1980, havendo o primeiro Shar Pei sido inscrito no Livro de Origens Português (LOP) em outubro de 1987.
Durante as duas últimas décadas do Séc. XX e princípio do Séc. XXI, verificou-se um enorme aumento de exemplares da raça por toda a Europa, incluindo Portugal, na sua maioria importados dos EUA.
Em anos mais recentes, fruto do trabalho de qualidade desenvolvido pelos criadores do velho continente, tem-se assistido a um movimento inverso, com vários Shar Pei a serem exportados da Europa para o continente americano, contando-se, entre esses, alguns Shar Pei criados em Portugal.
A dedicação e o trabalho incessante de criação e seleção por parte dos criadores a nível global, tem contribuído, de forma decisiva, para o aumento da saúde e longevidade dos Shar Pei, fazendo com que esta seja, hoje em dia, uma raça muito apreciada pela maioria das pessoas e com um futuro risonho pela frente.
Texto: Luís Miguel Varela do Afixo “Lusaviva’s”
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