Era uma vez… um Corgi

Reza a lenda que em tempos que já lá vão as verdes montanhas do País de Gales eram habitadas por Fadas que usavam como montaria uns cães baixinhos, muito robustos e dotados de uma ligeireza surpreendente. Lideradas pela sua Fada Rainha todas as noites saíam e passeavam à luz do luar pela floresta cantando em uníssono com os latidos alegres dos seus pequeninos companheiros.

Pois é! Os Corgis!

Gosto de acreditar nesta vertente mística, nesta aura mágica que os envolve e distingue. Quem leva um Corgi pela primeira vez para casa, rapidamente percebe que a sua vida vai mudar. E a minha mudou, já lá vão para mais de vinte anos.

Dos cães mais alegres que conheço, a sua ora doce, ora irreverente, ora cismada expressão e a linguagem das suas orelhas, deixam-nos completamente rendidos. A vivência no dia-a-dia e a descoberta do seu tão particular temperamento, leva-me a pensar que ao tentar relatar a experiência desta ligação seguramente irei pecar por omissões, se calhar importantes, porque um Corgi sendo, neste planeta Terra, mais uma raça a juntar a uns milhares delas, define-se, caracteriza-se e conquista-nos, precisamente pela sua tão deliciosa e desconcertante, “magia”!

É transversal a todos os cães a dedicação e o amor que nos dão. Um Corgi consegue mais, dá mais…

Viver com um Corgi resume-se em três distintas fases. Existem, obviamente, excepções, porém raras e que de forma alguma se afastam drasticamente do que é um Corgi. Como diz um dos meus filhos, parecem sair todos da mesma “forma”.

Enquanto cachorros, são completamente eléctricos! A sua alegria exuberante, constante e sem limites, a sua capacidade de se mover quer em terra, quer literalmente em voo, deixa qualquer agregado familiar, incauto, à beira de um ataque de nervos.

Já adultos e um pouquinho mais calmos nas correrias, mas sempre alegres e super activos, sentem-se e são, definitivamente, parte integrante da família pelo que exigem e ocupam um posto, algures na hierarquia dos humanos mais novos da casa.

Com o passar dos anos, na velhice, ficam finalmente (!) pachorrentos, mas “senhores” de uma fortíssima personalidade, pelo que e perfeitamente cientes da sua importância e estatuto conquistados, decidem ser gente!

E tenho hoje em casa alguém, não tenho um cão. Tenho hoje em casa alguém que me ama incondicionalmente, que me mima, que me acalma nos meus maus momentos, que reconhece o meu humor, que se ri comigo, mas que também tem dias em que impaciente e resmungona, amua e me olha com ar reprovador.

Já não consegue correr, aliás consegue mas não pode, não deve. A última vez que foi atrás de uma pombinha,
voltou coxa. E irritada! Já ouve mal, mas as suas orelhas continuam atentas e com coisas para dizer.

Por vezes, à noite, sentada no sofá fico olhando-a dormir e tenho medo…

Queria tanto acreditar que todos os Corgis, depois de viverem na Terra, depois de fazerem uma família feliz, voltavam para sempre às Montanhas do País de Gales e à noite correriam felizes pela floresta com as suas pequenas Fadas na garupa.

Ah! e sim, os Corgis têm um pequenino senão…
Mas eu não digo 😉

Texto: Xinha Loureiro Borges

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